quarta-feira, 24 de junho de 2009

Grey Gardens

Este documentário é um fruto do acaso. Os irmãos Maysles pretendiam rodar um filme sobre a irmã de Jacqueline Kennedy Onassis, quando conheceram a história da tia e da prima da ex-primeira dama. As duas, que já foram frequentadoras da alta sociedade nova-iorquina, moravam à época numa mansão caindo aos pedaços. Mãe e filha estavam falidas, isoladas e viviam de seu passado. Ou das cinzas dele. Esta história ganhou a catapulta de um escândalo: sem limpeza, o lugar começou a feder e incomodar os vizinhos. A prefeitura deu um ultimato para as duas: ou limpam ou saem. A imprensa fez festa e Jackie Kennedy ajudou a dar um tapa no lugar. É aí que entram os Maysles. Quando descobriram a história, desistiram do projeto anterior e embarcaram neste saborosíssimo mundo.
Os irmãos conquistaram a confiança de Big Edie e Little Edie e passaram dias e dias filmando o cotidiano das duas. "Big Edie" e "Little Edie" são interpretadas por Jessica Lange e Drew Barrymore. À mesma medida em que mostravam a decadência da família, acompanharam a degradação psíquica de mãe e filha. O documentário adota uma política pouco intervencionista em relação a seu objeto. A equipe tenta interferir ao máximo no dia-a-dia das duas e as informações sobre sua história, a não ser por uma breve sequência de recortes de jornais, saem das bocas perturbadas das retratadas. A opção tem duas consequências imediatas: por um lado, as entrevistadas ficam mais livres e tecem sua própria narrativa sobre os 50 anos em que viveram naquela casa e os desdobramentos de suas vidas. Por outro, falta informação.

Sem intermediadores - os Maysles falam com elas pouquíssimas vezes -, as Bouvier Beale costuram sua própria história por conta das memórias perturbadas. Contam o que querem contar e percebem claramente quando estão agradando, então, seu mundo paralelo entra em cena deixando completamente incertas as versões dos fatos. A ideia dos cineastas provavelmente era a de deixar este mundo vir à tona. Uma mãe e uma filha loucas, presas numa dimensão à parte, são certamente bem mais interessantes do que duas ricaças decadentes, mas a desordem causada pela falta de elementos mais palpáveis para basear a história incomoda. No final, o trabalho dos Maysles não tem nada de muito especial. Sua importância foi apenas a de nos revelar as personagens e deixar elas falarem por si.

Um comentário:

  1. Eu li no dia 10/05/2014 uma resenha sobre este filme no link do filmes do chico. Depois li outra resenha no link http://www.videosession.com.br/blog/grey-gardens-uma-perola-do-cinema-documentario/ e vi que algumas frases eram idênticas ao do site anterior. Perguntei para o chico se o texto era todo dele e ele respondeu que sim. Que foi escrito em 2009 e copiado para o seu portal sem autorização. Se eu não tivesse esta informação, acharia o que o texto é seu, o que não seria justo com o autor original da resenha. Então, como leitora, solicito que coloque nos seus textos os autores das resenhas, por favor. Porque passa a impressão de plágio.

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